Pior do que a convicção de um não e a incerteza do talvez será a desilusão de um quase. É esse quase que me incomoda, que me avassala o espirito e me entristece, que me mata ao trazer lentamente tudo o que poderia ter sido mas não foi. Quem quase saltou continua parado à espreita, quem quase viveu ainda sonha, quem quase alcançou está no mesmo lugar, quem quase morreu está vivo. Basta pensar em todas as oportunidades que se nos escaparam, no que se perdeu por medo de arriscar, de saltar de olhos fechados, nas ideias que nunca sairão do papel pelo simples facto de estarmos acostumados a viver num Outono eterno. Já não sobram questões e porquês o que sobra isso sim é uma contestação do que nos leva a escoher esta vida morna.
Afinal de contas as respostas, essas já são conhecidas, estão estampadas na frieza dos sorrisos, na ausência dos abraços, na indiferença dos " bom dia", quase que sussurados em silêncio com timidez. O que sobra do quase é uma covardia e uma falta de coragem para querer ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Fossem estas três boas razões para decidir entre a alegria e a dor ou o sentir e não sentir, mas não são. Se a virtude estivesse no meio termo nunca existiria o dia e a noite, os dias seriam nublados. O nada não inspira, não ilumina o escuro, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si, não é que as estrelas estejam ao nosso alcançe e que podemos num segundo mudar o mundo, não é isso, porém para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos apenas paciência, mas preferir a derrota prévia á duvida da vitória é desperdiçar a unica razão de a merecermos e essa é a de não vivermos no quase...